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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Capela São Francisco, RS, 11 de dezembro de 2009



Apresentação, hoje à noite.
Um pouco inquieta passei durante o dia, chegaram mais três crianças e, à tarde, mesclava entre brincar com eles e descansar para a apresentação.

Salão aberto, fui arrumar. O quê é isso? O quê é aquilo? – era a curiosidade em forma de meninas que tudo queriam saber. E chuva. Bastante. Pensei não vai ter mais ninguém, estrada de chão.. Mas apresento para quantos for.

Cheguei de guarda chuva colorido. Aqui as risadas são mais contidas, os aplausos mais recatados, mas nem por isso deixam de existir. E se os 50% da energia do espetáculo que corresponde ao retorno do público é afetado tudo o é, mas de minha parte fiz o melhor, como se a apresentação última fosse. Não há como ir acima do que compartilham, porque aí eu me torno uma idiota, uma palhaça de festa quando não há ânimo das crianças: ‘forsação de barra’; ‘retardadisse’. Mas há como ir até um certo pique sem que isso represente afetação demasiada, mantendo ainda o compartilhar e a troca com o público.

Embora cansados por demais pela organização do rodeio de amanhã e depois, após um dia de correrias, arrumações e corte de gado – 3 vacas – para alimentar a ‘peãozada’, tanto Dona Lita como Seu Nini compareceram. Adiaram a janta para assistir, e vi sorrisos em seus rostos exaustos de sono.
E, ao contrário do que pensei, umas cinqüentas pessoas compareceram, mais adultos que crianças. Enquanto lá fora a chuva inundava as pedras e compunha recital de barros, lá dentro, no salão, eram as flores de tecido que brotavam.

No final sempre há as pessoas que falam, as que calam, as crianças que observam e as que abraçam, aqui não foi diferente. E eu sem nunca saber ao certo onde toquei, onde não, o que fui para cada um, sigo com minhas suposições.

Voltamos na chuva, e, após a janta, Dona Lita e Tânia – sua nora, mãe das meninas – mostraram suas belezas em pano de pratos de toalhas: pinturas e crochês delicados e cuidadosos.
Dona Lita contou do acidente de carro que, há anos, levou seu pai e mãe. Com minúcias falou do momento em que soube das mortes, olhos como duas poças d’água de sal, e da família que se desmanchava após a tragédia. E depois espantou o choro e a chuva, tomara que pare até amanhã para o rodeio, vamos dormir, né?! Já é tarde!

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