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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

ROSTO, ainda em Caxias

Almoço em rodoviária estranha.
(Que sobe e desce é este que me cansa os pés?)

Comida a quilo, suco barato.
E lá pelo meio da batata frita dou de cara com um sujeito de há anos. Longa pausa. Paraliso. Sim, é o rosto dele quem diz que estou perto.

Fala, mas voz não há. Nunca havia reparado em suas bochechas salientes, seu nariz ‘abolotado’, sua forma esguia e contundente com que libera palavras. Só notara sempre sua careca, marca registrada, impecável e permanente.

Não lembrava de seu terno. Mas aquele ali, aquele que aparece na televisão, mudo e sério a balançar os lábios, é aquele mesmo de meus almoços diários, é aquele que sempre denunciava os abusos, as faltas, carências. Continua ele aqui, atrás das lentes, a falar no jornal que divide o dia. E eu cá chegando em silêncio percebo que o macarrão, assim, toma ares de casa de mãe e de tia. E eu cá chegando entendo também um pouco mais o papel dos e das jornalistas.

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