“E agora vamos rezar um Pai Nosso em memória do nosso falecido amigo que mês passado nos deixou e foi laçar lá com Nosso Senhor: Pai Nosso que estás..” - todos os chapéus descumprindo sua função, nos braços, longe das cabeças.
Hoje pela manhã choveu no rodeio novamente. O barro fazia-se poça, a chuva fazia do tempo ainda um frio, como se de inverno - falavam as senhoras entre si. E depois, lentamente, o sol começou a espiar os cavalos, indo e vindo a avisar as nuvens dispersas.
Procurávamos pelo calor do sol como quem cata mosquitos ao dormir, acendendo a luz e observando gravemente as paredes brancas.
Na mangueira - aos não-gaúchos, local onde fica o gado antes de ser laçado pelos peões - as vacas mostravam-se cansadas, e cancelaram um dos campeonatos para que descansassem. E eu, que sempre fui contra rodeios e afins, vi que, ao menos neste, não maltratam as vacas, nem os bois, nem cavalos. Apenas correm, e em uma só laçada buscam acertar-lhes os chifres, encaminhando os animais em seguida até o local definido de término de cada tentativa. “Essa foi branca” - dizia o moço de fala rápida quando não acertavam a mira.
E na cozinha em meio às conversas tive, sem questionar e de repente, o primeiro retorno do meu trabalho: “aquela ali é a Genifer (a senhora apresentava-me à outra recém chegada), ela faz teatro. Se apresentou lá no salão, na sexta. Eu fui ver. Ela é quietinha assim agora, mas lá fez todo mundo rir.. eu mesma ri demais! Até quem não tá a fim de rir, tá meio cansada, dá boas risadas com ela!”. As demais concordaram com as cabeças e com os sorrisos, enquanto eu vibrava por dentro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário