Páginas

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

‘PRÉ – CONCEITOS REGIONAIS’

Questiono-me sobre o quê é cada qual, de onde vieram as definições que temos em mente sobre cada região ou estado brasileiro. Em minha experiência há só pessoas, que se diferenciam pelos sotaques e tipos físicos, mas que seguem padrões humanos muito próximos: grupos onde há uma variação dos mesmos sentimentos e formas de se viver e ver o outro.

Dizem que são os baianos preguiçosos, mas foi em Santa Catarina que vi uma moça perder o ônibus na rodoviária pela lerdeza do funcionário.
Dizem que o gaúcho é frio, mas foi em Minas que senti o maior de todos os gelos, a indiferença.
Ouvi dizer que se aproximar de nordestinos é muito mais fácil, mas no Rio Grande do Sul a aproximação veio deles, fui convidada para almoçar sem nem saberem quem eu era, o que não aconteceu em outros estados que passei.

Em todos os lugares veio gente puxando conversa. Em todos os lugares havia gente receosa. Em Campinarana, menos de 500 habitantes, um senhor não saía de casa com medo de que lhe roubassem. Em São Paulo nem sequer trancavam a porta. Em Curitiba uma moça grávida contava com a solidariedade de outros para voltar para casa da mãe, enquanto em Belo Horizonte os moradores de rua demonstravam simpatia para conseguir o que almejavam.

Em todos os lugares há gente explorando gente, das relações mais cobertas de esperteza às mais singelas. Em todos os lugares há quem se importe com isso, há os que fingem não ver e há os que vêem e não sabem como agir.

Há sempre pessoas solidárias, dispostas a ouvir, e pessoas egoístas, dispostas a ‘enxotar’ o novo.

Onde há gente há gente. E tenho visto que não importa de onde vieram, em que estado do Brasil se encontram, com que cultura dialogam: todos choram e todos dão boas risadas quando atiçados, há sempre lágrimas a transbordar e felicidade a inundar. E não há como generalizar comportamentos por regiões porque isso desconsidera o fato de que, bem lá no fundo, independente do tempo/espaço: somos da mesma raça de bichos, nascemos, crescemos, cremos, tentamos, conseguimos algo e morremos, em ciclos humanos intermináveis de esperança, parceria e solidão.

5 comentários:

Caroline Holanda disse...

Que bom poder ler suas reflexões!!!!
força, mulher!!!
Essa experiência ninguém te toma, é o seu tesouro...

Caroline Holanda disse...

Escrevi no meu blog, exponho aqui meu agradecimento:

A palhaça que atravesessa parte do Brasil...
no penoso e gratificante aprendizado de ser o que queria ser...
coragem...
por que o medo não nos abandona logo?
ele fica ali...
é com muita peleja que conseguimos colocar ele pra correr...
é com muita peia...
e pra quem não desistir, como ela, a Genifer...
... chega lá..

Nos seus relatos, verdadeiros atos de generosidades para conosco, leitores
Emoções
emoções que brotam pela experiência que é vivida por ela! não por mim...
mas que está em mim...

a arte... o outro... a relação...
intensidades de vida...
aqui:
http://maetoindo.blogspot.com

carol

a disse...

Porra, Genifer...

Que texto!

Daniel Tsunamy disse...

Genifer,, que lindo! Tudo lindo, me emocionei... Sua caminhada, tb é a nossa caminhada. Sigamos então, todos juntos.

Angela disse...

Que belo aprendizado este de que "gente é gente " em todos os lugares! Sabemos isso em teoria, certo.Mas tu trazes este conceito vivido.E para saber de fato, só vivendo.
Abraço