Chegamos ontem aqui na Comunidade, e no ônibus já encontrei professoras bem interessadas no projeto, avisem o dia que levamos as crianças lá da nossa comunidade. Aqui, fui muito bem recebida! Esse é Chico, responsável por tudo por aqui. Sogro de Djalma, foi para ele que expliquei o trabalho, e foi ele quem me falou sobre a comunidade, da produção de leite, gado, e da barragem, feita com contribuição do Governo Federal. Antes não havia barragem e a água era um problema. Havia três calhas para todos, e os proprietários das terras tinham prioridade. No tempo determinado, o restante da população ia buscar água para consumo, e vinha o balde com cobras, sapos, rato até, tinha que pegar, era o que tinha. “Mas a gente batalhou e conseguiu que construíssem essa barragem. Se não fosse ela não teria mais gente morando aqui, não. Era muito difícil!” – contou Chico.
Reconhecida em 2005 como Quilombola, a comunidade ainda aguarda por algumas melhorias prometidas pelo reconhecimento.
Conversamos bastante tempo, enquanto procuravam uma casa para eu dormir por aqui. “Na rua você não fica. Nem que a gente amanheça aqui, todo mundo junto, mas não vamos lhe deixar sozinha, não, moça!” E tempos depois me levaram para casa de Dona Maria, onde estou agora.
Aqui moram D. Maria, Seu Lau, Lucília e Lucas – meninada – e Marquinhos – rapazote. Bem recebida, fui ontem para um quarto com várias camas. E, como da outra vez, vieram já se desculpando pela simplicidade da casa, como se nisso eu reparasse.
Hoje pela manhã caminhei até a barragem, água branda como manhã domingueira. Lá conversei com Maria da Graça, “me chamam aqui de Gracinha”, que cuidava de seu filho Gabriel. Após o casamento veio para cá, e aqui ficou.
Caminhando, vi o olhar um pouco relutante de alguns moradores, e não sei direito como me comportar – se me aproximo ou se aguardo a aproximação. Não querendo ser invasiva, espero. Devo apresentar amanhã ou depois – decisão que tomarei com Chico – e espero que meu trabalho ajude nessa possível proximidade.
BOCA DE FORNO, FORNO
= RECEITA DE D. MARIA =
(rosquinhas – rende aproximadamente 30)
1 kg de Farinha de trigo sem fermento
4 ovos
¾ copo de leite
½ copo de óleo
1 ½ colher de margarina
1 pacote de 30gr de fermento biológico
2 xícaras pequenas de açúcar
Colocar o leite, o óleo e o fermento na panela no fogo e deixar amornar, com cuidado para não esquentar demais. Em seguida, bater no liquidificador com os ovos e um pouco da farinha. Juntar, em outra vasilha, com o restante da farinha e bater com a colher de pau. Quando obtiver liga, amassar com as mãos. Acrescentar mais margarina, se necessário, até a massa ficar bem mole. Mexer bem (sovar) – quanto mais bater, segundo D. Maria, mais fofinha a massa fica.
Para saber o ponto para por a massa no forno, deve-se colocar uma bolinha pequena de massa dentro de um copo- tomar cuidado para não pegar dos lados do copo – com água. Quando estiver na hora a bolinha irá subir (boiar). Assim, depois de colocar no copo, já deve-se fazer as bolas de massa e deixar na fôrma untada, pronta para o forno, e esperar. A bolinha costuma demorar para subir, paciência é bom! O forno deve estar aquecido com antecedência.