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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Mamonas, MG, 19 de outubro de 2009

NO CIRCO

Peguei carona com o rapaz e vim parar em Mamonas. Mas eu não queria ir para o hotel, e lembrei que as crianças haviam dito que aqui estava um circo itinerante. Decidi tentar a sorte mais uma vez.

O rapaz da van me deixou em frente ao Victória Circo, disse que, qualquer coisa, procurasse a prefeitura. Já escurecia. Cachorro latiu, lona, barulho de TV e alguém espiando pela janela. Expliquei. Chamou-me para entrar. Deu-me um lugar para ficar. Foi lá pegar algo. Sentei na cama, mãos na cabeça, mais uma vez caí em um choro sem fim.
De repente a menina e a mãe. O que foi, mulher? Expliquei, disse que estava com medo de seguir. Respondeu que é assim, que por aquelas bandas eles também estavam sendo rejeitados, muito preconceito, que essa profissão é assim mesmo, gostam e não gostam, que coragem viajar sozinha! Estavam voltando para Bahia na noite seguinte, mas, até lá, a ‘casa’ aqui também é sua, não se preocupe.

À noite, apresentação. Povo quase nem ria, só olhava de braços cruzados. Apresentei dois números, mas foi bem ruim. “Metade é você, outra metade é o público” – lembrei Chacovacci. Valeu por ter visto o número final dos palhaços daqui.

Agora estou em um trailer. Uma delícia de lugar, um sonho não ter que se preocupar com hospedagem. E pessoas que sabem o que é viver na estrada, sem muitas certezas traçadas do dia de amanhã.
Vou dormir, nada como uma boa noite de sono, e, quando acordar, espero estar melhor

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