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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

XIXI NA BEIRA DA LAGOA

(3ª pessoa do eu)




Ela estava apertada, que vontade de fazer xixi. Mas não havia banheiro, resolveu perguntar como faziam. E ficou tímida. Aí viu a menina e decidiu perguntar a ela, crianças sempre são boas para perguntas indiscretas. A menina disse que faziam em potes de alumínio e depois jogavam na vala ao lado, e a moça imaginou que cada um deveria ter o seu penico particular. Decidiu não falar com a mãe da pequena, se resolveria sozinha.

Olhou em volta, mato nenhum. Algo ali em cima parecia um banheiro, foi lá, teve nojo do cheiro, das cores, e não havia vaso sanitário. Viu a lagoa, andou até lá perto. Olhou em volta, pessoas só ao longe. Estava de saia, poderia fazer ali, dizem que faz bem às árvores, não dizem que é para fazer no banho?

Abaixou, ainda olhando o local. Decidiu-se, faria ali.

Naquele instante uma outra menina, anônima menina, foi para o parquinho ali atrás. Maldita hora. A barriga da moça doía, vai embora menina, vai. E nada dela sair.

A moça resolveu ir ali, um pouquinho mais embaixo, próximo à água. Discretamente, ainda agachada, baixou a calcinha até os joelhos, a saia cobrindo, havia uma rua e calçadas e canteiros até a menina, ela não tinha como ver nem supor. Ajeitou a saia longa – era impossível alguém ver algo. Agora podia fazer. Mas quem disse que conseguia? Vamos, antes que chegue alguém! Não tinha jeito, não conseguia.

Resolveu fazer chiado, sempre funcionava. Shhh, shhhh... Ai, finalmente. Desde ontem o líquido estivera preso, só agora se lembrou.

Não molhou nada, só o chão de barro com grama, problema algum. Olhou para os lados para garantir – não, ninguém viu nada. Nem sabia do que ter vergonha, mas tinha.
Arrumou discretamente a calcinha, como quem procura algo, com calma, na pochete.

Ufa!

Aliviada, voltei para o circo.

3 comentários:

Angela disse...

Li quase todo o teu relato.Deixei um pouquinho para,como alguém que deixa para mais tarde o que restou do pedaço de chocolate.Impressionante como minha tese é certa...rs rs. Teu "olhar" é absolutamente pessoal, microscópico,auto-referenciado,anti-massificação.É uma das coisas mais puras que vi.É como se o universo da comunicação tivesse se contraído e deste buraco negro nasceu Genifer.Isto é demaissss!!!

Angela disse...

Quer dizer que além de tudo, és boa fotógrafa e cartunista???

Genifer Gerhardt disse...

Nossa, que honra ler isso!!
Os cartuns são de Expinho, meu companheiro que está me ajudando lá de Salvador, assim como a edição dos vídeos.. As fotos, estou aprendendo!! rsrsr

Um abraço!