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sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Belo Horizonte, MG, 30 de outubro de 2009

Perdida em Belo Horizonte, mais uma vez. Está virando rotina! Minha orientação espacial que sempre fora uma derrota parece não tomar jeito. E hoje, após duas sessões assistindo apresentações de dança, fui para o lado errado, para bem longe. Noite gulosa de estrelas. Ruas vazias, parecendo escola pública em feriado prolongado, e eu andando sem rumo certo com a caixinha, pedestal, guarda chuva.
Então, lá longe, um moço que carrega pizzas, fui perguntar. “Vixe, tá longe, moça! É pro lado de lá” – e apontou para lá de onde eu havia vindo.
Meia volta, volta tudo.
Voltei pensando no que havia assistido, os grupos participantes de hoje no Fórum Internacional de Dança (FID). O primeiro, movimentos de coisa alguma, um subir e levantar, cair e torcer, assim, crus. Tédio. Ele falava.. ué, mas não era um espetáculo francês? O rapaz rindo porque caía em cena, junto com os amigos que estavam na platéia, e arrumando o cabelo o tempo todo. A moça deve ter ouvido na faculdade que deve-se deixar o rosto neutro, e por isso nem piscava. Dança contemporânea? Não, não, moderna! E eu lá, com meu pé formigando e com o pensamento em uma coisa qualquer longe daquelas paredes brancas.
O segundo, fui sem nem pensar, no embalo. Fila grande. E uma mistura deliciosa de dança, teatro e música, com atores/dançarinos/cantores que sabiam o que estavam fazendo ali, e, apesar de falar – com legenda, eles é que eram os tais franceses – diziam tudo sem dizer, sabor delicioso de descoberta.

Mas saí hoje com intenção de conseguir uma grana com o Mundo Miúdo, apresentar. Cheguei tarde no teatro, no outro não dava por conta do espaço.. Em bares! Após voltar tudo, mais para frente havia bares, botecos e afins. Andei. Andei. E andei. E quando cheguei lá, braços doendo, parei olhando para os bares, as pessoas. Respirei fundo, passa um carro. Passa outro. Passa a coragem, mas tão rápida que nem consegui pegar, correu como menino fujão da surra do pai. E aí segui em frente, fiz a volta e retornei para casa.

Merda!

Um dia ainda vou ter menos medo de ouvir ‘nãos’.
Vontade de comer um chocolate.
Vontade de uma paixão assim, sorrateira, só para brincar de viver.

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