Em uma estação de madeiras e pessoas a esperar o exato, acenei para cima: tio e tia, aqui estou. Com um sorriso vi que tia estava bem, apesar das dores constantes de cabeça e noites quase não dormidas, e que tio estava parecido-quase-igual com outro tio, um quase-pai. Perdemos-nos em seguida, nos achamos logo depois. E foi um bom reencontro, pessoas conhecidas após quase um mês de rostos sempre novos.
Fomos para a casa deles, e eu, aqui, sinto-me no extremo oposto exato dos locais por onde ando passado: tudo é grande, e há luxo, e estar ao lado não significa necessariamente estar com. Talvez muito pelo contrário por vezes. Mas haverá tempo para falar disto, o tempo me tem nas mãos nessa jornada.
Fomos, de carro, até a casa deles. As nuvens deixam buracos no céu, zonas de escape. Eu sou só olhos, assustada, observando o quê não tem fim.
À tardinha tia convidou para ir com ela a uma aula de Biodança. Vou quase todas as quintas, tem interesse em ir também? Disse que sim. E pegamos metrô junto a todos os tipos de gente, dos engravatados aos bêbados. Japoneses idosos, bebês de colo.
Lá chegando, tia, de nome Angela (ainda não a apresentei?) contou para as demais minha história: de onde vinha, para onde ia, por onde e como vou. E qual não foi minha reação ao ver os rostos se transformando, respingos de espanto, mas sozinha, com malas e tudo? É, queria fazer e fiz. E algumas com palavras repensaram sua vida, e achei estranho sentir-me como uma pedrinha jogada ao rio, rodando e rodando a água que tocou, círculos enormes. Contou-me tia Angela de um senhor que, ao ouvir sobre minha jornada, parou, pensou em silêncio um tempo e em seguida decidiu: “vou entrar em uma ONG!” Fiquei confusa e feliz, que tipo de reação é a que causo, e será que há diferença de pensamento entre quem me vê de povoados distantes e os de cidades assim, grandes lugares que chegam quase aos céus com suas colunas de cimento?
Para uns uma aventureira, para outros o para dentro, o espelho, o quê faço, eu ouvinte, com minha vida?
A aula transcorreu como experiência sensível, gotinhas de felicidade regadas por música suave. Transcorreu leve e contente como Dona Maria em seu fusca vermelho. Tudo que há de preocupação, se havia, se escapuliu pelas janelas de vidro. Mas como nesses dias eu sou só o presente e o querer, foi uma extensão de vida de interior.
Foi emoção de rever, foi abraço de querer bem. E fomos embora sob os pés de outros, de volta ao metrô. Felicidade não buscada, mas sentida. Ou buscada, por isso sentida? Nem sei ao certo..
sábado, 14 de novembro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário