terça-feira, 24 de novembro de 2009
Paranaguá, PR, 13 de novembro de 2009
Camping vazio, acordei e fui tomar café à beira da cachoeira. Bela noite de sonhos gentis! Pronta para outra, Seu Ely, quais os horários dos ônibus? Para Paranaguá, 9h. Neste fui.
Em Paranaguá, cidade grande, povoados atravessando o rio. Para o outro lado das águas que quero ir, por isso vim. Algum barco passa? Só vão particulares, bem caro. Querendo muito fui até a prefeitura, Fundação de Cultura, tem como conseguir parcerias? A passagem, só? Falei com o responsável, me enviou a outro responsável. Tudo sempre programado, não temos recursos, ladainha rotineira. Enviaram-me a Ipanema para outra responsável, pessoa mais possível de conseguir algo.
Achei Hostel, rede barata de hospedagem coletiva. Albergue internacional. Vale pela cozinha disponível, computadores e preço.
Na rodoviária vou/não vou, risco constante de gastos extras e parcerias poucas ou nenhuma.. Mas vou.
Chegando, Francisca, Marcelo, e então? Nada, sem verbas, fim de ano, blá. Marcelo deu uma ideia: por que não tenta o Marcelo – outro – da Choperia e Pizzaria Bora Bora, que tem hotel ao lado? Ligou. E este aceitou a troca, apresento o Mundo Miúdo e me dão hospedagem e alimentação. Eba, amanhã já sei onde vou dormir.
Na volta encontrei Dona Tereza. Não. Na volta Dona Tereza me encontrou. Com seus olhos azuis feito lápis de cor, perguntou-me esse número é 6 ou 2? É 6. Ah, é, foi o que achei, to meio ruim dos olhos. Dona Tereza falou do filho, é bo-niiii-to – contou esticando as sobrancelhas – mas não quer casar. Diz que ta bom assim, tem carro, emprego, casar para quê? E tem a outra filha, ela tem necessidades especiais. Já rodou o Brasil com a filha, atrás de médicos. Disse que uma vez foi para o Rio Grande do Sul, a filha pequena em um braço e uma sacola pesada no outro. Foi atrás do médico, o melhor na área, foi no endereço que tinha, a chácara dele. Chegou lá e ele disse que precisava fazer um bocado de exames na cidade vizinha. “Que jeito? Eram 13 km, e eu sem dinheiro e a pé, com a filha no colo?” O médico deu uma medicação lá e ela voltou. Sem os exames. E assim já foi para um monte de lugares, a minha filha já está bem melhor, graças a Deus! Graças a Deus e à senhora, né, Dona Tereza?!
Despedimo-nos perguntando os nomes uma da outra. Como é?? Genifer. Soltou um “fff” logo depois de tentar pronunciar, não conseguindo e dando risada da tentativa frustrada.
Voltei para Paranaguá, o albergue, soube da festa de Nossa Senhora do Rocio, padroeira do Paraná. Vou apresentar o Mundo Miúdo lá. E fui, peguei o ônibus para o centro, noite já era. Tem como voltar até meia noite de ônibus, é tranquilo.
Quanto é? No chapéu, você paga se achar que deve, quanto achar que deve, que o trabalho merece. Vieram alguns, um, dois reais. Aí veio um grupo de meninos. Rapazes pré-adolescentes, em bando. Quanto é? Falei o mesmo. Ficaram curiosos, um chamando o outro, e eu apresentando, eles hão de entender que é trabalho. Mas não. Os últimos três, um passando os fones aos outros, curiosos e momentaneamente atônitos, e antes de acabar a história saíram correndo para não pagar. Porra, que falta de consideração. Não quisessem ou não pudessem pagar falassem, apresentaria mesmo assim. Mas sair dessa forma, gritei um ‘vão pra porra’ bem alto, desliguei tudo e disse vou-me embora, já chega!
Aí veio mais um grupo, umas três pessoas, posso ver? Respirei fundo, pode sim. Mais alguns trocados e sorrisos.
Chegaram mais três meninos um pouco depois, mais novos que os outros, um catava latinhas. Pensei, parecem aqueles, mas não o são, não os tratarei como se fossem. Respondi as perguntas, mostrei os bonecos, perguntei, conversamos. Gostaram, trataram-me bem. Arrumei tudo para ir vou pegar o ônibus, 23h e 30 min já era. Vai com Deus, moça! Fiquem com Ele, e n’Ele, também, meninos.
Acabou-se minha sexta-feira 13.
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