Ia sair ontem, já que não consegui dinheiro vou seguir, percebo que nos povoados consigo mais verba que aqui. E além disso os lugares pequenos correspondem mais ao que quero nesse momento, mais.
Aí ontem soube do show do Rappa de hoje. Gosto do Rappa, gosto dos shows deles cobertos de adrenalina e pulos. Há tempos iam para Salvador e eu não podia porque era caro porque era longe porque não dava. É amanhã, disseram. De graça. Pelo Natal.
Falei dois dias a mais, espero/não espero? Um dia de cada vez, um de cada, resolvi esperar. E fui de ônibus cheio sem nem saber como voltar.
Ôh ôh ôh ôô, my brother!
Chegaram atrasados, o grupo pegou engarrafamento (foi-se o tempo em que Floripa não engarrafava). E um bando de gente, e uma árvore enorme de Natal que custou à prefeitura – digo, digo, aos bolsos dos manezinhos – mais de três milhões e setecentos mil reais. Rendeu protestos. Rede nacional. Rendeu vergonhas.Caçando ilusões o grupo chegou.
E eu a me infiltrar nas frestas de gente. E eu a caçar. E nada, e nada.
Dali a pouco desisti das gentes, da procura, das paqueras. Dali a pouco era só pulos na imensidão, no “mar de gente”, e minhas pernas a resistir aos altos e sorrateiros saltos de quem tem pressa de viver e pula junto, para ir mais alto.
Em súplica cearense uma revelação, quero fazer desta a minha vida, preciso. “Pedi pra chover, mas chover de mansinho..”, quero me embrenhar na seca pra sentir sede junto, quero conhecer o lado de lá. Fiquei emocionada ao olhar a imensidão e o cabelo de gotas de orvalho do Falcão, “óh, Senhor”.
Show acabado saí com a boiada, era eu boi também, e nem me importava para onde me levavam os cavalos vestidos de cinza e sirenes. Só lá na frente fui perguntar, como faço para ir para lá? E chamaram-me no ponto, Genifer, levei um susto, aqui? Parceiro de formatura de Salvador, veio apresentar com um grupo, vou-me embora amanhã. Eu também, disse. Eles voando, rápido, eu pelo chão.
Pouco depois tive a sorte de ser encontrada por uma senhora e sua filha que iam também em direção à lagoa, vamos até o terminal a pé, lá tem ônibus. E fomos, e esperamos, e embarcamos no ‘pernoitão’.
Até chegar em casa foi um trajeto longo, ônibus quase cheio, barulho. Até chegar em casa foi sono intercalado com sonho. Mas houve a chegada, e a cama para unir o querer meu com o do colchão, os ossos e a espuma a se complementar.
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