Páginas

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Florianópolis, SC, 27 de novembro de 2009

Nem sei se é dor, se é medo, se cansa.
Nem sei se o que sinto explode ou alisa.
Só sei do silêncio. Do silêncio.

Foi uma hora e meia assim, sem falas. Sem gritos. Nem grunhidos. No silêncio.
Uma hora e meia de muitas palmas, duas músicas, e silêncios tagarelas.
E meu coração transborda como chama que não quer apagar e permanece a esquentar o pote de barro, em meio às cinzas e aos restos do que já não é. Ou é, porque em mim está.
Tenho-me não temerosa, creio. Assustada, só. E explodindo em sonhos.

Ali ao lado vendem sapatos, chapéus, livros, narizes.
Ali ao lado vendem lanches, bonecos e chaveiros de sapato de palhaço
(e eu que sempre quis ter um!)
Com as mãos na mala quase vazia de dinheiro
passo reto.
Tenho a passar reto o que se determina não querer ser. Ou não puder ser, ou não poder.
Tenho-me aqui sentada na arquibancada quase vazia, em uma quase escuridão, sem expressão diante do espanto.

Tenho-me aqui transbordando, tendo comprado todos os truques, os números, os risos, os mistérios
de um tal de senhor Avner, barba branca, doçura, um menino,
que apresentou-se esta noite no ‘Anjos’ para um público numeroso e diversificado. Eu lá no meio. E ele a desenhar no cenário limpo canções de leveza, olhares de possível e de simplicidade em se ser.

Tenho-me aqui agora quieta, dando piruetas em mim.
E em saltos permito-me ser um pouquinho
do silêncio absoluto desta noite bordada de belo.

Nenhum comentário: