A CHEGADA EM FLORIPA, O ANJOS DO PICADEIRO 8
O Encontro Internacional de Palhaços Anjos do Picadeiro acontece anualmente no Brasil, organizado pelo Teatro de Anônimo, um grupo de pessoas/palhaços dispostos a trabalhar, e muito, pelas trocas entre grupos e artistas independentes de todo o mundo que se dedicam à arte do/a palhaço/a. “É nós, é a gente, só não pode ser eles” é uma fala comum saída da boca de um de seus componentes, o João.
O Encontro acontece em grandes cidades, sendo intercalado: um ano acontece no Rio de Janeiro – onde é a sede do grupo, um ano em outra capital, um ano no Rio, um em outra, etc. Em 2007 foi em Salvador, momento inspirador para mim, que pude conhecer e acompanhar de perto tantos mestres. E esse ano, 2009, escolheram a capital Florianópolis para sediar o encontro.
Ah, felicidade extrema a minha em saber que poderia acompanhar, e que a época condizia com o período de minha passagem pelo estado. E alívio ao lembrar que uma prima minha, a Paula, mora aqui há 12 anos, pessoa querida que sempre admirei com suas belas artes em todos os cantos. Falei com ela. Pode ficar aqui com a gente, sim, vem! Mora com o namorado, Alexandre. Não o conhecia, pessoa também querida, calmo, sorridente, surfista. Ficando na casa deles, despesas a menos, daria para participar.
No primeiro dia no Encontro havia as oficinas. Chegando no local indicado encontrei, dentre outras pessoas, o Diego, calça xadrez, malabarista, deve saber se é por aqui. Coincidentemente Santa Cruzense. Aguardava, também. E foram chegando mais pessoas, conversas iniciais, de onde vens? Muitos gaúchos, uma pernambucana, Campinas, dois do Mato Grosso, uma espanhola animada e sua companheira de mochila Anne, Chapecó, pessoas que fui reconhecendo como amigos. Dizem isso, né?! Que amigo não se faz, se reconhece. E depois chegou o Álvaro Assad, o oficineiro, do grupo Etc e Tal do RJ.
Álvaro é mímico. É todo caretas, e no primeiro dia já afirmou “não gosto de palhaço!” Como rendeu essa afirmação, é piada, não é, o que quero dizer é que não gosto de palhaço sem energia, aqueles que colocam o nariz e ficam assim [cara de idiota, vendo tudo em torno e não fazendo nada]. Álvaro assusta quem leva as palavras a sério demais, é um brincalhão com pinta de durão – (e eu que não queria rimar não encontrei outra definição melhor..)
A oficina, ao todo três dias, foi inspiradora. Aprendam a técnica, e depois apliquem onde quiser. Andar no lugar, balões fixos em eixos imaginários. E, durante todo o tempo, Álvaro a brincar com o espaço vazio, fazendo brotar objetos inteiros, cenários detalhados, só com movimentos meticulosamente traçados no e do corpo.
No início, ainda, fiquei atenta para as pessoas, em busca de olhos conhecidos. Procurei por palhaços/as baianos/as, alguém aí? Procurei pelo meu messiê Casali que tanto amo, ele talvez viria.. Não veio, não pôde, cancelou a apresentação. Disse “umpf” e guardei-o de volta em meu peito, canto que é dele.
Houve espetáculos, dos mais diversos. Inspirações para mais e para menos – bom também saber o quê não se quer ser. Ou não se quer propor, nunca se sabe o quê se é, a recepção é única em cada espectador, penso eu. Mas bom ver, só ver, para supor. Apresentações incríveis. Apresentações mornas. Apresentações boas. E sigo eu com minhas tentativas.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
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