Retornei ao albergue de anteontem, revi o amigo Adelino, senhor português, ué, não foste? Fui e voltei. Pois sim, é a natureza que nos leva, não a gente.
Seu Adelino também viajou muito, fez da sua vida uma grande aventura. Só não conheceu a Dinamarca, sonho antigo que ainda aguarda realização.
À noite andei até a praia, em frente, para pensar trajetórias.
NA VERTICAL
Tiram fotos do céu
E os barcos, imóveis, sorriem.
O barqueiro continua a limpar seu convés e seus peixes de escamas grossas.
Podia chover outra coisa que não água,
só para divertir os jornais.
No cais há espera do que nunca vem
Dos céus começam os gritos de “saiam daí, vou chorar!”
A sombra na areia é de alguém que, sentada, nem sente que se move,
quietos são também seus pensamentos a aguardar a chuva.
Ousam ainda fazer a travessia a barco alguns pequeninos, e ao longe um motor.
Rema, rema. Leva antes que te levem, homem.
Continuam as arquiteturas divinas
ou celestes
ou diabólicas
ou o que quer que seja.
Daqui a pouco, bem pouco daqui.
Não sei se volto ou se fico, estátua quieta em banco de cimento.
E começa.
Aos poucos os odores se revelam com suas cores inquietas na negra noite.
Aos poucos as linhas verticais aumentam.
E eu volto ao hotel,
porque voltar é também partir.
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